Este livro conta a
história de um escândalo amoroso que envolve uma professora, uma mulher
de quarenta e dois anos, casada e mãe de dois filhos, e um jovem aluno
de quinze anos. É também a história da amizade entre duas mulheres,
Sheba, a professora cujo envolvimento com o adolescente é descoberto, e
uma outra professora da mesma escola, uma mulher na casa dos sessenta,
cuja vida vazia e sem objectivos a predispõe imediatamente a apoiar a
bela e sonhadora Sheba. Enquanto o seu casamento se desmantela e a
imprensa disseca a sua vida, Barbara tenta desmistificar os juízos de
uma sociedade preconceituosa, empreendendo uma meticulosa análise
daquele caso num diário onde anota não só os factos como as suas
reflexões.
A Minha Opinião
Andava a namorar este livro desde que o filme saiu no cinema, ou seja, há imenso tempo! Felizmente, um dos livros do passatempo da Presença era precisamente este e assim aproveitei para (finalmente) adquiri-lo e atirar-me à sua leitura.
Confesso que não sabia muito bem o que esperar. Tinha uma noção da premissa, mas não sabia se iria ser algo estilo Lolita, debruçando-se mais sobre o romance entre Sheba e Steven, ou se tentaria lançar o leitor numa reflexão sobre a sexualidade e a forma como temos a tendência para categorizar tudo e definir o que deve ou não ser visto como aceitável. Pelo trailer do filme, parecia ser uma história algo escandalosa (fazendo assim jus ao próprio título da obra), mas depois de a ler cheguei à conclusão de que ia para além da relação pouco convencional de Sheba com o seu aluno.
Apesar de essa relação ser o foco da narrativa, é a perspetiva de Barbara e a sua análise do comportamento, não só de Sheba e de Steven, mas também das pessoas em geral, que nos atrai. Por um lado, porque nos dá uma visão menos toldada por fantasias românticas como parece ser a de Sheba, mas por outro porque também nos permite conhecer um pouco melhor Barbara e perceber o quão solitária esta estava. O facto de ser uma pessoa pouco sociável e com uma certa tendência para se distanciar dos outros, fazia com esta tivesse opiniões muito próprias sobre certos comportamentos. Um dos exemplo que posso mencionar é a análise que ela faz dos professores com quem trabalha e da forma como estes criam as suas amizades, distinguindo os que desesperam por associar-se a algum grupo daqueles que são mais pacientes e reservados e que não se deixam levar por grandes euforias.
Aliás, é essa posição única que também torna o seu envolvimento nesta história algo peculiar. É mais do que evidente, desde o início, que Barbara tem um certo fascínio por Sheba, considerando-a inclusivamente como a sua alma gémea. Fica de tal forma obcecada pela vida de Sheba, que procura a todo o custo tornar-se sua amiga, ocupar um papel central na sua vida e controlar o que ela faz. Toda essa necessidade torna ainda mais evidente a sua solidão e Barbara é bastante honesta em relação a esse aspeto, não procurando ocultá-lo ou minimizá-lo. No entanto, rapidamente o leitor dá-se conta de que essa posição também se deve ao facto de Barbara não ser uma pessoa fácil - longe disso. É demasiado rápida e dura a avaliar os outros e sente uma grande necessidade de ocupar uma posição dominante nas suas relações, tornando-se assim mais do que evidente o porquê de as pessoas se afastarem dela.
No que diz respeito ao enredo em geral, fiquei surpreendida com o facto de a história não se centrar tanto no romance como esperava. A perspetiva de Barbara apenas nos permite aceder àquilo que Sheba partilhou consigo, havendo detalhes da sua relação com Steven que nunca chegamos a conhecer. Aliás, penso que nesse aspeto a história pode saber a pouco. Ainda que sabendo as potenciais consequências dos atos de Sheba, não sabemos exatamente como era a sua relação com o seu aluno - apesar de termos algumas ideias -, assim como também desconhecemos o efeitos da mesma para Steven. Aliás, fica-se quase com a ideia de que para ele foi apenas uma conquista, não lhe atribuindo o mesmo significado que Sheba, mas não há grande margem para ir para além dessas considerações porque também não nos são dados mais detalhes.
No geral, e apesar de ter gostado bastante da história, fiquei com pena que não se explorassem mais certos aspetos. Gostava de ter ficado a conhecer um bocadinho melhor Steven e de saber mais coisas sobre a sua relação com Sheba. No entanto, penso que este livro prima pelas análises que faz, seja das relações entre as diferentes personagens, do próprio affair, como também dos limites que a imprensa está disposta a passar apenas para conseguir um bom furo.
É sem dúvida um daqueles livros em que é inevitável não criar a nossa opinião sobre os diferentes temas e contrastá-las com a perspetiva de Barbara, mas penso que esse acaba por ser um dos seus pontos fortes. Fiquei foi sem grande vontade de ver o filme, porque depois de voltar a ver o trailer, fiquei com a ideia de este se afastava um pouco do livro e que puxaram mais para o escândalo.
Classificação: 4 estrelas
Aliás, é essa posição única que também torna o seu envolvimento nesta história algo peculiar. É mais do que evidente, desde o início, que Barbara tem um certo fascínio por Sheba, considerando-a inclusivamente como a sua alma gémea. Fica de tal forma obcecada pela vida de Sheba, que procura a todo o custo tornar-se sua amiga, ocupar um papel central na sua vida e controlar o que ela faz. Toda essa necessidade torna ainda mais evidente a sua solidão e Barbara é bastante honesta em relação a esse aspeto, não procurando ocultá-lo ou minimizá-lo. No entanto, rapidamente o leitor dá-se conta de que essa posição também se deve ao facto de Barbara não ser uma pessoa fácil - longe disso. É demasiado rápida e dura a avaliar os outros e sente uma grande necessidade de ocupar uma posição dominante nas suas relações, tornando-se assim mais do que evidente o porquê de as pessoas se afastarem dela.
No que diz respeito ao enredo em geral, fiquei surpreendida com o facto de a história não se centrar tanto no romance como esperava. A perspetiva de Barbara apenas nos permite aceder àquilo que Sheba partilhou consigo, havendo detalhes da sua relação com Steven que nunca chegamos a conhecer. Aliás, penso que nesse aspeto a história pode saber a pouco. Ainda que sabendo as potenciais consequências dos atos de Sheba, não sabemos exatamente como era a sua relação com o seu aluno - apesar de termos algumas ideias -, assim como também desconhecemos o efeitos da mesma para Steven. Aliás, fica-se quase com a ideia de que para ele foi apenas uma conquista, não lhe atribuindo o mesmo significado que Sheba, mas não há grande margem para ir para além dessas considerações porque também não nos são dados mais detalhes.
No geral, e apesar de ter gostado bastante da história, fiquei com pena que não se explorassem mais certos aspetos. Gostava de ter ficado a conhecer um bocadinho melhor Steven e de saber mais coisas sobre a sua relação com Sheba. No entanto, penso que este livro prima pelas análises que faz, seja das relações entre as diferentes personagens, do próprio affair, como também dos limites que a imprensa está disposta a passar apenas para conseguir um bom furo.
É sem dúvida um daqueles livros em que é inevitável não criar a nossa opinião sobre os diferentes temas e contrastá-las com a perspetiva de Barbara, mas penso que esse acaba por ser um dos seus pontos fortes. Fiquei foi sem grande vontade de ver o filme, porque depois de voltar a ver o trailer, fiquei com a ideia de este se afastava um pouco do livro e que puxaram mais para o escândalo.
Classificação: 4 estrelas
4 comentários:
Não conhecia nem o livro nem o filme, mas parece ser uma leitura diferente do habitual...
Gostei do livro e aconselho, vale a pena. O filme não sei porque ainda não vi ...
Viva,
Estou com o José, não conhecia e parece ser interessante sem duvida :)
Vale bem a pena ;)
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