Sinopse
Quentin Jacobsen e Margo
Roth Spiegelman são vizinhos e amigos de infância, mas há vários anos
que não convivem de perto. Agora que se reencontraram, as velhas
cumplicidades são reavivadas, e Margot consegue convencer Quentin a
segui-la num engenhoso esquema de vingança. Mas Margot, sempre
misteriosa, desaparece inesperadamente, deixando a Quentin uma série de
elaboradas pistas que ele terá de descodificar se quiser alguma vez
voltar a vê-la. Mas quanto mais perto Quentin está de a encontrar, mais
se apercebe de que desconhece quem é verdadeiramente a enigmática
Margot.
A Minha Opinião
John Green é (muito provavelmente) um dos autores juvenis (Young Adult) mais badalados do momento. Uma breve passagem por comunidades como Goodreads ou Bootube evidencia essa tendência. Parece que (praticamente) toda a gente leu pelo menos um dos seus livros, sendo já muitos os que leram todas as suas obras. Confesso, tanta popularidade despertava a minha curiosidade e vontade de ler algo deste autor. Contudo, também tinha algum receio de não perceber o porquê de tanto delírio e de simplesmente não gostar das suas histórias.
Pensei que o melhor seria começar por um livro que não reunisse um grande consenso e que não fosse um dos mais adorados. Paper Towns surgiu assim como a escolha ideal para esta primeira leitura. Pelas reviews que li, percebi que este era um livro adorado por uns, mas pouco valorado por outros e por isso achei que seria o melhor para uma introdução à obra de John Green.
Fiquei maravilhada? Posso desde já dizer que não. Percebo o encanto. Os seus livros têm histórias aparentemente simples, mas cheias de significados e mensagens subliminares, e o facto de se centrarem em adolescentes fora do comum atrai seguramente leitores mais jovens. Não foi, no entanto, uma fórmula que resultasse comigo. Achei a história meio "hollywoodesca", pronta para passar ao grande ecrã como um filme de adolescentes para adolescentes. Não que isso seja um defeito; é simplesmente algo já visto que resultou melhor (na minha opinião, pelo menos) com outras obras (penso principalmente em The Perks of Being a Wallflower).
Mesmo as personagens não encheram medidas, caindo em estereótipos já explorados noutros livros. O adolescente pouco popular com uma paixoneta pela vizinha do lado - por sinal bastante bonita e fascinante - que decide sair da sua zona de conforto para encontrar Margo quando esta desaparece misteriosamente. Até os seus amigos encaixam em alguns dos modelos já anteriormente estabelecidos por outros autores ou até mesmo filmes. Por um lado tinhamos o amigo meio amalucado, que apenas se preocupa com miúdas, mas com quem simpatizamos; por outro, o típico amigo super inteligente, dedicado às novas tecnologias e que mesmo dormindo apenas um par de horas numa noite é capaz de tirar uma brilhante nota no teste do dia seguinte. A juntar-se a este grupo, tínhamos ainda a miúda popular, insegura, paranóica e com complexos com a comida que acaba por se envolver com um rapaz que nada tinha que ver com ela. Nada de novo, como podem ver.
A história em si parecia prometedora, especialmente por convidar o leitor a reflectir um pouco sobre as relações interpessoais e as expetativas que criamos em relação às pessoas que nos rodeiam, mas não pude deixar de pensar que o autor floreou demasiado alguns aspetos sem grande necessidade. Para além disso, penso que algumas das reflexões e deixas das personagens não correspondiam à sua idade, por muita maturidade que já tivessem, tornando a história pouco credível em certos momentos.
Em suma, não foi propriamente a melhor estreia, mas, ao mesmo tempo, penso que me permitiu formar uma opinião em relação ao trabalho de John Green e conhecer um pouco o seu estilo. Apesar de já ter lido livros melhores, houve coisas que gostei e que ficaram na minha memória e que me fizeram reflectir.
Houve uma passagem de que gostei especialmente e que transcrevo para aqui:
"You know your problem, Quentin? You keep expecting people not to be themselves. I mean, I could hate you for being massively unpunctual and for never being interested in anything other than Margo Roth Spiegelman, and for, like, never asking me about how it's going with my girlfriend - but I don't give a shit, man, because you're you. My parents have a shit ton of black Santas, but that's okay. They're them. I'm too obsessed with a reference Web site to answer my phone sometimes when my friends call, or my girlfriend. That's okay too. That's me. You like me anyway. And I like you. You're funny, and you're smart, and you may show up late, put you always show up eventually."
Penso que isto acaba por resumir o essencial do livro e uma das principais ideias que o autor pretende passar sobre as pessoas e a forma como nos relacionamos, mas tal como disse anteriormente, penso que houve algum floreado para chegar a questões ou conclusões que na realidade eram relativamente simples de explicar. Por fim, devo ainda dizer que não gostei especialmente do ritmo do livro que ele parecia arrastar-se um pouco, sendo que o melhor foi mesmo o último terço da história.
Classificação: 3 estrelas