Sinopse
Ana Karenina parece ter
tuddopo – beleza, dinheiro, popularidade e um filho adorado. Mas sente um
vazio na sua vida até ao momento em que conhece o arrebatador conde
Wronsky. A relação que em breve se inicia entre ambos escandaliza a
sociedade e a família, e traz no seu encalce ciúme e amargura.
Em contraste com esta história de amor e autodestruição, encontramos Constantino Levine, um homem em busca da felicidade e de um sentido para a sua vida.
Em contraste com esta história de amor e autodestruição, encontramos Constantino Levine, um homem em busca da felicidade e de um sentido para a sua vida.
A Minha Opinião
Este é um daqueles livros que constava na minha lista de clássicos a ler já há bastante tempo, mas que até ao momento ainda não tinha tido coragem de pegar. Despertava a minha curiosidade por ser um clássico da literatura russa e de ter uma história tão focada na vida de uma mulher. No entanto, tinha algum receio que a narrativa se revelasse algo arrastada, o que, aliado ao tamanho da obra, poderia levar a que a sua leitura se revelasse bastante custosa. Felizmente, Ana Karenina revelou-se uma agradável surpresa e acabei por lê-lo muito mais rápido do que inicialmente esperava.
Fiquei desde logo surpreendida com o estilo de Tolstoi e pelo retrato que ele fez da sociedade russa do século XIX. Pensava, muito sinceramente, que a narrativa seria arrastada e demasiado marcada pela época em que o livro foi publicado, mas deparei-me com uma obra pouco pesada e cativante. Ainda que por vezes os diálogos se dedicassem à política ou filosofia, eram bastante interessantes e apelavam à reflexão e as descrições permitiam imaginar os cenários da história com alguma clareza e sem maçar o leitor. Para além disso, a contraposição feita entre classes - uma alta sociedade hipócrita e demasiado preocupada com aparências e uma classe pobre que, apesar do seu trabalho árduo, recebia salários bastante baixos - e a vida na cidade e no campo permitia, não só, contextualizar a obra, mas também conhecer a sociedade da altura e perceber os atritos que existiam e a forma como as pessoas os viviam.
No entanto, essa não é a única realidade destacada em Ana Karenina. O adultério assume especial relevância, percebendo-se as diferenças que socialmente eram estabelecidas para a mulher e para o homem. É evidente a crítica do autor à hipocrisia da época e a forma como utilizou Ana e o seu irmão para expor os dois extremos do tema é magistral. Uma traição perpetrada por um homem era algo (praticamente) natural e visto como um mal inevitável dos casamentos em que o marido já não se sente sexualmente atraído pela sua mulher. Em suma, considera-se como um comportamento perfeitamente justificavel e cabia à mulher aceitá-lo e seguir com a sua vida como se nada tivesse acontecido. Já Ana, ao assumir o seu romance com Wronsky, é ostracizada pela sociedade e passa a ser considerada como uma mulher desonrada e escandalosa que não soube respeitar a moral e a posição do seu marido. As consequências da sua escolha são avassaladoras, comprometendo, não só, a sua posição social, mas também a relação com o seu filho.
Já no que diz respeito às personagens, devo admitir que fiquei algo dececionada. Não gostei de Ana. Achei-a demasiado caprichosa, possessiva e insatisfeita e apesar de perceber o sofrimento a que ficou submetida pela escolha entre seguir as convenções sociais da época e seguir aquilo que a faria feliz, não consegui sentir grande empatia por ela. Wronsky e Karenine também não eram especialmente cativantes, mas confesso que acabaram por despertar mais o meu interesse e por apelar à minha simpatia. Honestamente, penso que o primeiro fez o que era humanamente possível para sustentar a sua relação com Ana e que Karenine, apesar da sua frieza e distanciamento, apelava pelo seu intelecto. Por fim, destaco ainda Kitty e Levine, casal com o qual comparávamos a relação de Ana e Wronsky. Gostei destas personagens, pelo seu romance e, principalmente, pelos dilemas de Levine, um homem do campo pouco habituado às exigência da vida na cidade, que dedicava uma grande porção do seu tempo a reflexões sobre a morte e a fé.
No geral, uma leitura bastante agrádavel e interessante, não só pelo retrato da sociedade da época, mas também pela forma como o autor utilizou as personagens para representar os seus principais sectores - os latifundiários, os militares, os nobres, os eruditos mais dados à política e à filosofia e os trabalhadores rurais. Para além disso, a forma como aborda o conflito entre a concretização pessoal e o seguir as convenções sociais está muito bem elaborada nesta obra, tornando-se mesmo num dos seus principais temas, a par do adultério. Uma leitura que recomendo vivamente.
Classificação: 4 estrelas
5 comentários:
É uma obra complexa e deveras interessante, dos meus clássicos preferidos :)
Também não simpatizei muito com a Anna, o que vai em contra do que seria de esperar, dado que é uma das protagonistas da história. Contudo, no fim não deixei de sentir pena dela :/
Eu tenho medo de ler a Anna Karenina. É enorme e como estou a demorar séculos a ler o Zhivago tão cedo não me meto noutra.
Olá
Sim, tendo em conta que a obra se centra na sua história, seria de esperar que gostassemos dela. No final também fiquei com alguma pena, mas tendo em conta a forma como foi caracterizada ao longo do livro, foi impossível sentir mais do que isso.
Jojo, Ana Karenina é mais fácil que o Dr. Zhivago. Também li esse livro já há alguns anos e achei cansativo, mas este não é assim. Lê-se bastante bem e mais rápido do que se poderia inicialmente esperar.
Bjs
Viva,
Bem parece interessante e a ver caso tenha oportunidade se lhe dou oportunidade, mas dou-me mal com escritores russos rsrs
bjs e boas leituras
Hey Fiacha
Este vale a pena, pelo menos gostei e pensava que também não me iria dar particularmente bem com este livro.
Bjs e boas leituras
Enviar um comentário